MANUAL AJUDANDO PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
Adaptado por Marina S. Rodrigues Almeida
Tradução livre e adaptação de folheto publicado
por Henry Enns, do Canadá
Quando você encontrar uma
pessoa com necessidades especiais
Muitos de nós, tememos fazer qualquer contato com alguém com necessidades especiais, ficamos confusos quando encontramos alguém que é "diferente". Uma pessoa que tem medo de dizer alguma coisa "errada" a uma pessoa com deficiência tende a evitar uma comunicação.
Este mal estar pode ser evitado se nos informarmos e começarmos a interagir com mais freqüência nos espaços sociais: na escola, no trabalho, no lazer, no trabalho e na sociedade.
Grande parte do nosso preconceito está associado a falta de informação a respeito das deficiências de um modo geral, ou melhor dizendo dos nossos pré-conceitos arraigados.
Muitas pessoas não estão conscientes das implicações da deficiência e mesmo a pessoa com necessidades especiais às vezes não tem consciência de suas limitações ou as tem de maneira rígida demais, é importante que todos sejam pacientes e mantenham abertas as comunicações e formas possíveis de acessibilidade.
Quando alguém age de maneira inadequada, é bom lembrar que todo mundo comete erros, gafes, de vez em quando, se acontecer é tentar lidar com a situação com humor e delicadeza.
Aceitar o fato de que a deficiência existe que todos somos seres humanos da mesma espécie, mas com singularidades ajuda a ver o outro como pessoa humana, apenas revelando sua inerência particular.
Fazer perguntas pessoais a respeito da deficiência seria impertinente, enquanto não houver um relacionamento mais próximo, que torna mais natural este tipo de pergunta.
Trate a pessoa portadora de necessidades especiais como uma pessoa saudável. Quando alguém tem uma limitação funcional, isso não quer dizer que a pessoa seja doente. Algumas deficiências não trazem problema de saúde.
Em alguns casos, a pessoa portadora de necessidades especiais pode reagir às situações de um modo não convencional, ou ainda, pode dar a impressão de que não está tomando conhecimento da sua presença.
Lembre-se de que ela pode não ouvir bem, estar assustado, ou ter outra deficiência que afete os movimentos ou atrapalhe e dificulte o contato.
Fale sempre diretamente com a pessoa portadora de necessidades especiais, não com terceiros, por exemplo, um acompanhante ou um intérprete.
Ofereça ajuda se quiser, mas espere que seu oferecimento seja aceito, antes de ajudar. Se a pessoa precisar de ajuda, vai aceitar sua oferta e explicar exatamente o que você deve fazer para ser útil a ela.
Se você não se sentir confiante e a vontade para ajudar fale isso, sem rodeios, todos nos estamos aprendendo.
Quantas pessoas não se constrangem quando encontram um portador de necessidades especiais?
Mas não há motivo para que você se intimide nem tampouco intimide o portador de necessidades especiais.
Basta conhecer sua realidade, informar-se e compreender que ele quer as mesmas coisas que você: exercer seus direitos, ser respeitado, ser compreendido e ser feliz como qualquer pessoa.
Quando você encontrar uma pessoa com Deficiência Visual...
Se parecer que o portador de deficiência visual está precisando de ajuda, identifique-se e faça-o perceber que você está falando com ele.
Para guiar um portador de deficiência visual, espere que ele segure no seu braço ou indique a maneira que quer ser conduzido; o portador de deficiência visual irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando. Para fazer o portador de deficiência visual sentar, guie-o até a cadeira e coloque a mão dele no braço ou no encosto da cadeira, e deixe que a pessoa sente-se sozinha. Avise sempre quando encontrar obstáculos e o oriente sobre a direção esquerda/direita em frente: calçada com buracos, degraus, meio-fio, objetos no caminho, para que ele possa desviar.
Fique a vontade para usar palavras como "veja" e "olhe". Nem você nem o portador de deficiência visual podem evitá-las, já que não existem outras para substituí-las.
Por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que esses cães têm a responsabilidade de guiar um dono que não enxerga. O cão nunca deve ser distraído do seu dever de guia.
Procure falar num tom de voz normal, geralmente as pessoas começam a falar com o portador de deficiência visual como se fosse surdo, aumentando o volume da voz e muitas vezes gritando.
Caso vá a algum lugar que não tenha informações, cardápio, mapa, placas, etc... em Braille ou em letras ampliadas, leia para a pessoa .
Quando for embora, avise sempre o deficiente visual.
Quando você encontrar uma
pessoa com de Deficiência Física...
Se a conversa continuar por mais tempo do que só alguns minutos e for possível, lembre-se de sentar, para que você e ela fiquem com os olhos num mesmo nível. Para uma pessoa sentada, é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo.
Não se acanhe em usar palavras como "andar" e "correr". As pessoas que usam cadeira de rodas empregam essas mesmas palavras.
Não vá segurando automaticamente a cadeira de rodas. Ela é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Agarrar ou apoiar-se na cadeira de rodas é como agarrar ou apoiar-se numa pessoa sentada numa cadeira comum. Isso muitas vezes é simpático, se vocês forem amigos, mas não deve ser feito se vocês não se conhecem.
Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for escolher uma casa, restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma pessoa em cadeira de rodas.
Respeite os locais destinados aos portadores de necessidades especiais: como vagas para carros, assentos de ônibus, rampas devem estar com livre acesso.
Caso a pessoa use muletas, acompanhe o ritmo para não tropeçar nelas e ou atrapalhar a marcha da pessoa portadora de necessidades especiais. Procure deixar as muletas a alcance da pessoa ao se despedir ou acomodá-la.
Quando você encontrar uma pessoa com Deficiência Auditiva...
O portador de deficiência auditiva, usualmente fala, mas de forma diferente, não tem problemas nas cordas vocais, sua voz é mais nasalizada, apresenta uma linguagem. Caso sua perda auditiva for profunda ou severa a linguagem é mais reduzida. Se a perda auditiva for leve ou moderada o uso do aparelho auditivo permite a recepção do som, facilitando o contato.
Fale de maneira clara, distintamente, mas não exagere, não adianta gritar ou fazer gestos rápidos. Use a sua velocidade, a não ser que lhe peçam para falar mais devagar. Use um tom normal de voz, a não ser que lhe peçam para falar mais alto.
Fale diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Faça com que a sua boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível a leitura labial. Quando falar com deficiente auditivo, tente não ficar de frente para a luz (como por exemplo de uma janela); assim fica difícil ver o seu rosto, que vai ficar como uma silhueta na luz.
Se você souber alguma linguagem de sinais, tente usá-la. Se a pessoa deficiente auditiva tiver dificuldade em entender, avisará. De modo geral, suas tentativas serão apreciadas e estimuladas.
Fale com expressão. Como as pessoas deficientes auditivas não podem ouvir mudanças de tom que indicam sarcasmo ou seriedade, muitas delas vão depender das suas expressões faciais, dos seus gestos e movimentos do corpo para entender o que você está dizendo.
Se estiver tendo dificuldade em entender a fala de uma pessoa surda, não se acanhe em pedir que ela repita o que disse. Se ainda assim não conseguir, tente usar bilhetes. Lembre-se de que seu objetivo é a comunicação: o método não importa, pode ser qualquer um.
Quando duas pessoas estão conversando em linguagem de sinais, ou LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, é muito grosseiro andar entre elas. Você estaria atrapalhando e impedindo completamente a conversa.
Ou tentar brincar, apontar, se quiser aprender esta comunicação geralmente será acolhido de bom grado por eles.
Quando você encontrar
uma pessoa surda...
Algumas pessoas mudas que por algum motivo físico ou não foram estimuladas, preferem a comunicação escrita, algumas usam linguagem em código e outras preferem códigos próprios. Estes métodos podem ser lentos, requerem paciência e concentração.
Talvez você tenha que se encarregar de grande parte da conversa. Tente lembrar que a comunicação é importante. Você pode ir tentando com perguntas cuja resposta seja sim/não.
Se possível ajude a pessoa muda a encontrar a palavra certa, assim ela não precisará de tanto esforço para passar sua mensagem. Mas não fique ansioso pois isso pode atrapalhar sua conversa.
Quando você encontrar uma
pessoa com Paralisa Cerebral...
O portador de paralisa cerebral tem necessidades específicas, por causa de suas diferenças individuais e podem intimidar o contado por sua aparência, gestos e movimentos involuntários.
É muito importante respeitar o ritmo do PC, visto que toda sua dificuldade está na motricidade de seus movimentos, articulações, tônus da postura, etc...
Geralmente ele é mais vagaroso naquilo que faz, como andar, falar, pegar as coisas, etc.
Tenha paciência ao ouvi-lo, pois a grande maioria tem dificuldade na fala.
Há pessoas que confundem esta dificuldade e seu ritmo lento com a deficiência mental, mas são pessoas muito sensíveis e carinhosas.
Não trate o PC como uma “criança” ou incapaz. Ele é capaz de raciocinar e agir como as demais pessoas, apenas a forma que é diferente.
Lembre-se que o PC não é um portador de uma doença grave contagiosa, porque a paralisia cerebral é fruto de uma lesão cerebral, portanto, não é doença e nem muito menos transmissível.
Ajude o PC quando este lhe pedir e, pergunte o que deve ser feito e como. Muitas vezes, ele tem o seu modo de fazer as coisas e a "ajuda" o atrapalha e/ou inibe.
Faça o possível para não olhá-lo com pena ou repulsa. Ele é humano.
As palavras chave para lidar com o PC são: paciência e respeito.
Alguns PC utilizem-se de métodos para conversar, expressar o que desejam através de livros com imagens.
Quando você encontrar uma
pessoa com Deficiência Intelectual...
O portador de deficiência intelectual apresenta um funcionamento da inteligência em nível abaixo da média esperada para a idade, por isso às vezes seu aprendizado é mais lento e apresentam-se mais infantis. Por isso hoje não enfocamos sua deficiência, mas suas competências e habilidades.
A Síndrome de Down é a mais conhecida dentre as deficiências intelectuais que trazem concomitante um déficit cognitivo.
Quando você se deparar com qualquer um dos casos e deseje ajudar sempre pergunte antes: apresente-se, pergunte o nome da pessoa e o que ela deseja.
Os portadores de deficiência intelectual, precisam ser tratados de maneira adequada a sua idade, evitar tratá-los com superproteção, menosprezo e ou usar fala infantilizada.
Os portadores de deficiência intelectual costumam ser comunicativos, carinhosos, agradáveis e expressam o que precisam, algumas vezes podem se sentir constrangidos pelo fato de estarem com um estranho.
Mantenha a conversa o tempo necessário, evitando brincadeiras que venham, constranger o encontro.
Quando você encontrar uma pessoa com
Autismo...
Uma pessoa autista pode ser bem diferente de qualquer outra pessoa que você conheça, inicialmente você nem desconfia que está na presença de um autista. Justamente pelo fato de sua aparência ser completamente “normal”, seus comportamentos e interação que são peculiares. E em alguns casos isso pode ser constrangedor para você.
Exatamente porque está lidando com o desconhecido. Você poderá ajudar um autista se manter a calma, pois muitas vezes ele terá mais medo de você do que você imagina. Uma postura solidária, afetuosa, compreensiva será útil neste contato.
Portanto converse com ele, mesmo que aparentemente, pareça que ele não está prestando atenção, não esteja olhando para você, comece com gestos estranhos, ou pareça surdo. Ignore estes comportamentos e mantenha o contato necessário para aquele momento, de forma confiante e demonstrando segurança.
Palavras utilizadas no afirmativo como: vim te ajudar, cuidarei de você, fique tranqüilo, pegue isso, sente-se, fique ali, quer água, são as ideais. Procure evitar o uso do “não”, por exemplo: não fique com medo, não se assuste etc...
O autista não compreende a palavra “não”, portanto você esta falando fique com medo, etc...
O autismo é um transtorno invasivo de desenvolvimento, que abrange várias áreas da pessoa: comunicação, interação social, pensamento, etc, e não pode ser definido simplesmente como uma forma de retardo mental, embora muitos quadros de autismo apresentem déficits cognitivos.
A palavra autismo atualmente pode ser associada a diversas síndromes que chamamos de espectros de transtornos autísticos, cujos sintomas variam amplamente.
O autismo manifesta-se de diferentes formas, variando do mais alto desempenho ao mais leve comprometimento, e dentro desse espectro o transtorno, que pode ser diagnosticado como autismo, pode também receber diversos outros nomes, concomitantemente.
O que você pode fazer para ajudar as
Pessoas com Necessidades Especiais na sociedade?
· Fazer companhia
· Prestar ajuda
· Procurar ir se informando, aprendendo sobre elas
· Respeitá-las
· Ajudar a estudar, arrumar um emprego, dar um emprego
· Incluí-las em seu lazer, divertimento
· Se você conhece os seus direitos a ensine a aprender os dela
· Se você souber de casos de descriminação, exclusão, denuncie a um órgão responsável que poderá ser um Conselho Municipal do Deficiente, Promotoria Pública, Ouvidoria Pública.
· Observar o quando ainda nossa sociedade está despreparada para atender o diferente.
Tudo depende de nós, a inclusão diz respeito a TODOS, só assim este caminho possa vir a ser construído gradativamente.
*Marina S. Rodrigues Almeida, Consultora do Instituto Inclusão Brasil
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