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Sou Professora,Pedagoga Especialista em Ed.Inclusiva,Atualmente Gestora Escolar .

terça-feira, 28 de setembro de 2010

 

INCLUSÃO SOCIAL

* "Inclusão supõe igualdade enquanto união em torno de objetivos comuns, mas na diversidade: somos diferentes, mas estamos juntos."Maria Angélica
Algumas pessoas, ao nascerem, trazem consigo características diferentes daquelas que são o padrão ou o modelo imposto pela sociedade.
Em razão dessas diferenças, são discriminadas não só pelas pessoas, mas por estarem privadas, não tendo dignidade para viver.
Basta olharmos para os lados, nas ruas, lojas, shoppings, restaurantes, bares, igrejas, prédios, enfim, o mundo ao nosso redor, para vermos que não existem adaptações para auxiliá-las. Dessa forma, ficam prejudicadas quanto às questões de trabalho, de estudo, de locomoção, de lazer e esportes, das oportunidades de garantir uma vida digna e saudável.
São pessoas em cadeiras de roda, que não conseguem pegar um ônibus – em razão da ausência de rampas próprias nos mesmos; deficientes visuais que não conseguem frequentar um elevador, restaurante ou supermercado, em face da falta da leitura em braile – mundialmente própria para eles; surdos/mudos que não podem frequentar escolas porque os professores não dominam a linguagem de libras – feita com as mãos; dentre vários outros casos corriqueiros.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a quantidade de pessoas deficientes chega a 500 milhões em todo o mundo, no Brasil somam 25 milhões.
Além desses, existem também outras pessoas que são excluídas socialmente. Os negros e pardos não encontram as mesmas oportunidades na vida, os idosos são desrespeitados e não recebem aposentadorias justas, os desfavorecidos economicamente também sofrem muitos tipos de discriminação.
Precisamos nos conscientizar de que todas essas pessoas merecem respeito e consideração, fazem jus às mesmas oportunidades para viver. As diferenças só acrescentam valores humanos para o mundo e nos fazem crescer. Conviver com as mesmas e defender os interesses dos que precisam é uma forma de demonstrar que as aceitamos, afinal, o mundo seria muito sem graça e a vida muito cansativa, se todos fossem iguais.
FONTE:http://www.mundoeducacao.com.br/educacao/inclusao-social.htm

Livros sobre deficiência

Encontrei estas dicas de livros no blog:http://deficienciavisualsp.blogspot.com/
Lá você encontrará mais detalhes sobre os livros
LIVROS SOBRE DEFICIÊNCIA PARA SEREM TRABALHADOS EM SALA DE AULA


Um amigo especial-Síndrome de Down é o tema desta coleção.
MEU AMIGO DOWN NA RUA; MEU AMIGO DOWN NA ESCOLA; MEU AMIGO DOWN EM CASA, Claudia Werneck, 24 págs. cada um, Ed. WVA, tel. (21) 2493-7610, 15 reais cada um





Ver e enxergar
- A história de Rodrigo é contada pelo seu melhor amigo, André, o primeiro a perceber que ele era cego, mas podia enxergar tudo. O autor não vê desde bebê, mas cresceu empinando pipa e brincando de carrinho de rolimã. Só mais tarde conheceu o preconceito e viu que em parte ele se deve à desinformação.
RODRIGO ENXERGA TUDO, Markiano Charan Filho, 36 págs., Ed. Nova Alexandria, tel. (11) 5571-5637, 28 reais


Mundão de tons sem fim - Este é um dos cinco volumes da série Mundinho, para “leitores” de 2 a 5 anos. Com ilustração e texto em braile, o livro – que é quadrado só no formato – começa com a descrição das incontáveis cores presentes na natureza.
UM MUNDINHO PARA TODOS, de Ingrid B. Bellinghausen, 24 págs., Ed. DCL, tel. (11) 3932-5222, 24 reais

Da cor de Flicts- O autor trata o tema da diversidade com muito colorido. FLICTS, Ziraldo, 48 págs., Ed. Melhoramentos, tel. (11) 3874-0880, 24 reais

Diferentes, mas iguais - Versos e rimas descrevem uma escola onde todos são iguais mesmo sendo diferentes. “NA MINHA ESCOLA TODO MUNDO É IGUAL, Rossana Ramos, 20 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3864-0404, 13,80 reais

Oba, escola nova! Júlia tem 8 anos e adora ler, brincar com o dicionário e dar nome para tudo, até para três amigas especiais: Felizberta e Felizbina, suas muletas, e Joaninha, sua cadeira de rodas. Júlia vai entrar numa nova escola e quase não consegue dormir de tão ansiosa, pois antes estudava só com crianças com deficiência.
JÚLIA E SEUS AMIGOS, Lia Crespo, 32 págs., Ed. Nova Alexandria, tel.(11) 5571-5637, 23 reais

Muito prazer, Sílvia! -Sílvia é uma menina que faz cara feia e bonita, canta, brinca de gangorra e de pirata com a mamãe, faz travessuras, fica de castigo, dança com o vovô e cavalga com o papai, nada como um peixe... e tudo em uma cadeira de rodas.
ESTA É SÍLVIA, Jeanne Willis e Tony Ross, 32 págs., Ed. Salamandra, tel. (11) 6090-1500, 23,50 reais

Ninguém é perfeito -Um acidente de carro e uma conseqüente paraplegia fazem a vida de Marcella dar uma guinada.
ESTRELAS TORTAS, Walcyr Carrasco, 104 págs., Ed. Moderna, tel. (11) 6090-1300, 23 reais

Um dia de glória - Divertida e cheia de lições é a história dos garotos do time reserva de futebol da escola que nunca entram em campo, até que, um dia, os titulares pegam caxumba e não podem jogar a final.
EM CLASSE O texto facilita a dramatização, atividade que pode estimular o difícil exercício de colocar-se no lugar do outro, e suscita o debate sobre a tolerância.DESPREZADOS F.C., Júlio Emílio Braz, 80 págs., Ed. Saraiva, tel. (11) 3613-3000, 15,90 reais

Brincadeira de mau gosto- Jéssica, 10 anos, é negra e enfrenta preconceito racial na escola. Nem a professora considera ofensivas as brincadeiras dos colegas. Mas um dia ela reage.

TRAMAS DA COR: ENFRENTANDO O PRECONCEITO NO DIA-A-DIA ESCOLAR, Rachel de Oliveira, 112 págs., Ed. Selo Negro, tel. (11) 3872-3322, 22 reais

Medos e amizades - Antônia e H são amigos, mas diferentes. Ela fala demais e ele de menos. Ele adora ler e ela só abre os livros que a professora manda. Ele faz o tipo bonitão e ela aquela em quem ninguém repara.
AMIGO SE ESCREVE COM H, Maria Fernanda Heredia, 128 págs., Ed. Nova Fronteira, tel. (21) 2537-8770, 19 reais
Fonte:Nova Escola / Educação Especial

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Personagem com Síndrome de Down

MAIS UMA DO MAURÍCIO DE SOUZA

Capa da revistinha de lançamento da personagem Tati, pelo Instituto Mauricio de Sousa e Instituto MetaSocial, com patrocício da Mantecorp
O Instituto Mauricio de Sousa e o Instituto MetaSocial uniram-se em favor dessa causa, acreditando na importância de difundir o respeito à diversidade como meio de vencer barreiras e unir diferenças.

Como resultado dessa parceria, e com apoio da MANTECORP, o Instituto Mauricio de Sousa lança a revista “Viva as Diferenças!”

A revista tem o propósito de esclarecer a população sobre alguns aspectos da Síndrome de Down e, desta forma, ampliar a oportunidade de inclusão e a possibilidade de aprendizado mútuo, reforçando o conceito de que cada ser é único e que Ser Diferente é Normal.

Conviver com as diferenças possibilita uma troca de conhecimentos enriquecedora, e é o primeiro passo para se aprender a valorizá-las e respeitá-las.

Gibi da Turma da Mônica em Braille


Dorina de Gouvêa Nowill, fundadora da instituição que leva seu nome, dedica-se à inclusão social de deficientes visuais desde 1946, como uma forma de criar opções de leitura em Braille no Brasil, em resposta a uma busca individual que se iniciou aos 17 anos, quando enfrentou seus primeiros obstáculos com a leitura convencional. Ela própria inspirou a personagem Dorinha, de Maurício de Sousa, criada em 2004. "Há tempos vinha pensando em ter personagens com deficiência nas histórias. Seria uma forma de sugerir inclusão e, ao mesmo tempo, diversidade. Eu já tinha o Humberto, que não fala. Mas era pouco", contou Sousa, que descreve a nova integrante da Turma da Mônica como uma personagem vitoriosa, simpática e sabida.


As observações a cerca dos livros e esta publicação foram retiradas integralmente do site: http://deficienciavisualsp.blogspot.com/

Maria Teresa Eglér Mantoan
Universidade Estadual de Campinas / Unicamp
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Reabilitação de Pessoas com Deficiência - LEPED/ FE/ Unicamp

A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um movimento muito polemizado pelos mais diferentes segmentos educacionais e sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de todos à educação - e assim diz a Constituição !
Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações estão, muitas vezes na concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem outras resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades.
O objetivo de nossa participação neste evento é clarear o sentido da inclusão, como inovação, tornando-o compreensível, aos que se interessam pela educação como um direito de todos, que precisa ser respeitado. Pretendemos, também demonstrar a viabilidade da inclusão pela transformação geral das escolas, visando a atender aos princípios deste novo paradigma educacional.
Para descrever o nosso caminho na direção das escolas inclusivas vamos focalizar nossas experiências, no cenário educacional brasileiro sob três ângulos : o dos desafios provocados por essa inovação, o das ações no sentido de efetivá-la nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formação de professores e, finalmente o das perspectivas que se abrem à educação escolar, a partir de sua implementação.

UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS
O princípio democrático da educação para todos só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os alunos, não apenas em alguns deles, os alunos com deficiência. A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os alunos provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão.
O sucesso da inclusão de alunos com deficiência na escola regular decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse sucesso, quando a escola regular assume que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada. Pois não apenas as deficientes são excluídas, mas também as que são pobres, as que não vão às aulas porque trabalham, as que pertencem a grupos discriminados, as que de tanto repetir desistiram de estudar.

OS DESAFIOS
Toda criança precisa da escola para aprender e não para marcar passo ou ser segregada em classes especiais e atendimentos à parte. A trajetória escolar não pode ser comparada a um rio perigoso e ameaçador, em cujas águas os alunos podem afundar. Mas há sistemas organizacionais de ensino que tornam esse percurso muito difícil de ser vencido, uma verdadeira competição entre a correnteza do rio e a força dos que querem se manter no seu curso principal.
Um desses sistemas, que muito apropriadamente se denomina "de cascata", prevê a exclusão de algumas crianças, que têm déficits temporários ou permanentes e em função dos quais apresentam dificuldades para aprender. Esse sistema contrapõe-se à melhoria do ensino nas escolas, pois mantém ativo, o ensino especial, que atende aos alunos que caíram na cascata, por não conseguirem corresponder às exigências e expectativas da escola regular. Para se evitar a queda na cascata, na maioria das vezes sem volta, é preciso remar contra a correnteza, ou seja, enfrentar os desafios da inclusão : o ensino de baixa qualidade e o subsistema de ensino especial, desvinculadae justaposto ao regular.
Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que precisa ser assumido por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas, pois a educação básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico e social. Trata-se de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossível de se efetivar por meio dos modelos tradicionais de organização do sistema escolar.
Se hoje já podemos contar com uma Lei Educacional que propõe e viabiliza novas alternativas para melhoria do ensino nas escolas, estas ainda estão longe, na maioria dos casos, de se tornarem inclusivas, isto é, abertas a todos os alunos, indistinta e incondicionalmente. O que existe em geral são projetos de inclusão parcial, que não estão associados a mudanças de base nas escolas e que continuam a atender aos alunos com deficiência em espaços escolares semi ou totalmente segregados (classes especiais, salas de recurso, turmas de aceleração, escolas especiais, os serviços de itinerância).
As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência em suas turmas regulares se justificam, na maioria das vezes pelo despreparo dos seus professores para esse fim. Existem também as que não acreditam nos benefícios que esses alunos poderão tirar da nova situação, especialmente os casos mais graves, pois não teriam condições de acompanhar os avanços dos demais colegas e seriam ainda mais marginalizados e discriminados do que nas classes e escolas especiais.
Em ambas as circunstâncias, o que fica evidenciado é a necessidade de se redefinir e de se colocar em ação novas alternativas e práticas pedagógicas, que favoreçam a todos os alunos, o que, implica na atualização e desenvolvimento de conceitos e em aplicações educacionais compatíveis com esse grande desafio.
Muda então a escola ou mudam os alunos, para se ajustarem às suas velhas exigências ? Ensino especializado em todas as crianças ou ensino especial para deficientes? Professores que se aperfeiçoam para exercer suas funções, atendendo às peculiaridades de todos os alunos, ou professores especializados para ensinar aos que não aprendem e aos que não sabem ensinar?

AS AÇÕES
Visando os aspectos organizacionais
Ao nosso ver é preciso mudar a escola e mais precisamente o ensino nelas ministrado. A escola aberta para todos é a grande meta e, ao mesmo tempo, o grande problema da educação na virada do século.
Mudar a escola é enfrentar uma tarefa que exige trabalho em muitas frentes. Destacaremos as que consideramos primordiais, para que se possa transformar a escola , em direção de um ensino de qualidade e, em consequência, inclusivo.
Temos de agir urgentemente:
  • colocando a aprendizagem como o eixo das escolas, porque escola foi feita para fazer com que todos os alunos aprendam;
  • garantindo tempo para que todos possam aprender e reprovando a repetência;
  • abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas, por professores, administradores, funcionários e alunos, pois são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;
  • estimulando, formando continuamente e valorizando o professor que é o responsável pela tarefa fundamental da escola - a aprendizagem dos alunos;
  • elaborando planos de cargos e aumentando salários, realizando concursos públicos de ingresso, acesso e remoção de professores.
Que ações implementar para que a escola mude ?
Para melhorar as condições pelas quais o ensino é ministrado nas escolas, visando, universalizar o acesso, ou seja, a inclusão de todos, incondicionalmente, nas turmas escolares e democratizar a educação, sugerimos o que, felizmente, já está ocorrendo em muitas redes de ensino, verdadeiras vitrines que expõem o sucesso da inclusão.
A primeira sugestão para que se caminhe para uma educação de qualidade é estimular as escolas para que elaborem com autonomia e de forma participativa o seu Projeto Político Pedagógico, diagnosticando a demanda, ou seja, verificando quantos são os alunos, onde estão e porque alguns estão fora da escola.
Sem que a escola conheça os seus alunos e os que estão à margem dela, não será possível elaborar um currículo escolar que reflita o meio social e cultural em que se insere. A integração entre as áreas do conhecimento e a concepção transversal das novas propostas de organização curricular consideram as disciplinas acadêmicas como meios e não fins em si mesmas e partem do respeito à realidade do aluno, de suas experiências de vida cotidiana, para chegar à sistematização do saber.
Como essa experiência varia entre os alunos, mesmo sendo membros de uma mesma comunidade, a implantação dos ciclos de formação é uma solução justa, embora ainda muito incompreendida pelos professores e pais, por ser uma novidade e por estar sendo ainda pouco difundida e aplicada pelas redes de ensino. De fato, se dermos mais tempo para que os alunos aprendam, eliminando a seriação, a reprovação, nas passagens de um ano para outro, estaremos adequando o processo de aprendizagem ao ritmo e condições de desenvolvimento dos aprendizes - um dos princípios das escolas de qualidade para todos
Por outro lado, a inclusão não implica em que se desenvolva um ensino individualizado para os alunos que apresentam déficits intelectuais, problemas de aprendizagem e outros, relacionados ao desempenho escolar. Na visão inclusiva, não se segregam os atendimentos, seja dentro ou fora das salas de aula e, portanto, nenhum aluno é encaminhado à salas de reforço ou aprende, a partir de currículos adaptados. O professor não predetermina a extensão e a profundidade dos conteúdos a serem construídos pelos alunos, nem facilita as atividades para alguns, porque, de antemão já prevê q dificuldade que possam encontrar para realizá-las. Porque é o aluno que se adapta ao novo conhecimento e só ele é capaz de regular o seu processo de construção intelectual.
A avaliação constitui um outro entrave à implementação da inclusão. É urgente suprimir o caráter classificatório da avaliação escolar, através de notas, provas, pela visão diagnóstica desse processo que deverá ser contínuo e qualitativo, visando depurar o ensino e torná-lo cada vez mais adequado e eficiente à aprendizagem de todos os alunos. Essa medida já diminuiria substancialmente o número de alunos que são indevidamente avaliados e categorizados como deficientes, nas escolas regulares.
A aprendizagem como o centro das atividades escolares e o sucesso dos alunos, como a meta da escola, independentemente do nível de desempenho a que cada um seja capaz de chegar são condições de base para que se caminha na direção de escolas acolhedoras. O sentido desse acolhimento não é o da aceitação passiva das possibilidades de cada um, mas o de serem receptivas a todas as crianças, pois as escolas existem, para formar as novas gerações, e não apenas alguns de seus futuros membros, os mais privilegiados.
A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de ensino específicas para esta ou aquela deficiência. Os alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar, se o ensino for de qualidade, isto é, se o professor considera o nível de possibilidades de desenvolvimento de cada um e explora essas possibilidades, por meio de atividades abertas, nas quais cada aluno se enquadra por si mesmo, na medida de seus interesses e necessidades, seja para construir uma idéia, ou resolver um problema, realizar uma tarefa. Eis aí um grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares tradicionais, cujo paradigma é condutista, e baseado na transmissão dos conhecimentos.
O trabalho coletivo e diversificado nas turmas e na escola como um todo é compatível com a vocação da escola de formar as gerações. É nos bancos escolares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a dividir as responsabilidades, repartir as tarefas. O exercício dessas ações desenvolve a cooperação, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo, o reconhecimento da diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de cada pessoa para a consecução de metas comuns de um mesmo grupo.
O tutoramento nas salas de aula tem sido uma solução natural, que pode ajudar muito os alunos, desenvolvendo neles o hábito de compartilhar o saber. O apoio ao colega com dificuldade é uma atitude extremamente útil e humana e que tem sido muito pouco desenvolvida nas escolas, sempre tão competitivas e despreocupadas com a a construção de valores e de atitudes morais.
Além dessas sugestões, referentes ao ensino nas escolas, a educação de qualidade para todos e a inclusão implicam em mudanças de outras condições relativas à administração e aos papéis desempenhados pelos membros da organização escolar.
Nesse sentido é primordial que sejam revistos os papéis desempenhados pelos diretores e coordenadores, no sentido de que ultrapassem o teor controlador, fiscalizador e burocrático de suas funções pelo trabalho de apoio, orientação do professor e de toda a comunidade escolar.
A descentralização da gestão administrativa, por sua vez, promove uma maior autonomia pedagógica, administrativa e financeira de recursos materiais e humanos das escolas, por meio dos conselhos, colegiados, assembléias de pais e de alunos. Mudam-se os rumos da administração escolar e com isso o aspecto pedagógico das funções do diretor e dos coordenadores e supervisores emerge. Deixam de existir os motivos pelos quais que esses profissionais ficam confinados aos gabinetes, às questões burocráticas, sem tempo para conhecer e participar do que acontece nas salas de aula.
Visando a formação continuada dos professores
Sabemos que, no geral, os professores são bastante resistentes às inovações educacionais, como a inclusão. A tendência é se refugiarem no impossível, considerando que a proposta de uma educação para todos é válida, porém utópica, impossível de ser concretizada com muitos alunos e nas circunstâncias em que se trabalha, hoje, nas escolas, principalmente nas redes públicas de ensino.
A maioria dos professores têm uma visão funcional do ensino e tudo o que ameaça romper o esquema de trabalho prático que aprenderam a aplicar em suas salas de aula é rejeitado. Também reconhecemos que as inovações educacionais abalam a identidade profissional, e o lugar conquistado pelos professores em uma dada estrutura ou sistema de ensino, atentando contra a experiência, os conhecimentos e o esforço que fizeram para adquiri-los.
Os professores, como qualquer ser humano, tendem a adaptar uma situação nova às anteriores. E o que é habitual, no caso dos cursos de formação inicial e na educação continuada, é a separação entre teoria e prática. Essa visão dicotômica do ensino dificulta a nossa atuação, como formadores. Os professores reagem inicialmente à nossa metodologia, porque estão habituados a aprender de maneira incompleta, fragmentada e essencialmente instrucional. Eles esperam aprender uma prática inclusiva, ou melhor, uma formação que lhes permita aplicar esquemas de trabalho pré-definidos às suas salas de aulas, garantindo-lhes a solução dos problemas que presumem encontrar nas escolas inclusivas.
Em uma palavra, os professores acreditam que a formação em serviço lhes assegurará o preparo de que necessitam para se especializarem em todos os alunos, mas concebem essa formação como sendo mais um curso de extensão, de especialização com uma terminalidade e com um certificado que lhes convalida a capacidade de efetivar a inclusão escolar. Eles introjetaram o papel de praticantes e esperam que os formadores lhes ensinem o que é preciso fazer, para trabalhar com níveis diferentes de desempenho escolar, transmitindo-lhes os novos conhecimentos, conduzindo-lhes da mesma maneira como geralmente trabalham com seus próprios alunos. Acreditam que os conhecimentos que lhes faltam para ensinar as crianças com deficiência ou dificuldade de aprender por outras incontáveis causas referem-se primordialmente à conceituação, etiologia, prognósticos das deficiências e que precisam conhecer e saber aplicar métodos e técnicas específicas para a aprendizagem escolar desses alunos. Os dirigentes das redes de ensino e das escolas particulares também pretendem o mesmo, num primeiro momento, em que solicitam a nossa colaboração.
Se de um lado é preciso continuar investindo maciçamente na direção da formação de profissionais qualificados, não se pode descuidar da realização dessa formação e estar atento ao modo pelo qual os professores aprendem para se profissionalizar e para aperfeiçoar seus conhecimentos pedagógicos, assim como reagem às novidades, aos novos possíveis educacionais.
A metodologia
Diante dessas circunstâncias e para que possamos atingir nossos propósitos de formar professores para uma escola de qualidade para todos, idealizamos um projeto de formação que tem sido adotado por redes de ensino públicas e escolas particulares brasileiras, desde 1991.
Nossa proposta de formação se baseia em princípios educacionais construtivistas, pois reconhecemos que a cooperação, a autonomia intelectual e social, a aprendizagem ativa e a cooperação são condições que propiciam o desenvolvimento global de todos os alunos, assim como a capacitação e o aprimoramento profissional dos professores.
Nesse contexto, o professor é uma referência para o aluno e não apenas um mero instrutor, pois enfatizamos a importância de seu papel tanto na construção do conhecimento, como na formação de atitudes e valores do futuro cidadão. Assim sendo, a formação continuada vai além dos aspectos instrumentais de ensino.
A metodologia que adotamos reconhece que o professor, assim como o seu aluno, não aprendem no vazio. Assim sendo, partimos do "saber fazer" desses profissionais, que já possuem conhecimentos, experiências, crenças, esquemas de trabalho, ao entrar em contato com a inclusão ou qualquer outra inovação.
Em nossos projetos de aprimoramento e atualização do professor consideramos fundamental o exercício constante de reflexão e o compartilhamento de idéias, sentimentos, ações entre os professores, diretores, coordenadores da escola. Interessam-nos as experiências concretas, os problemas reais, as situações do dia-a-dia que desequilibram o trabalho, nas salas de aula. Eles são a matéria-prima das mudanças. O questionamento da própria prática, as comparações, a análise das circunstâncias e dos fatos que provocam perturbações e/ou respondem pelo sucesso vão definindo, pouco a pouco, aos professores as suas "teorias pedagógicas". Pretendemos que os professores sejam capazes de explicar o que outrora só sabiam reproduzir, a partir do que aprendiam em cursos, oficinas, palestras, exclusivamente. Incentivamos os professores para que interajam com seus colegas com regularidade, estudem juntos, com e sem o nosso apoio técnico e que estejam abertos para colaborar com seus pares, na busca dos caminhos pedagógicos da inclusão.
O fato de os professores fundamentarem suas práticas e argumentos pedagógicos no senso comum dificulta a explicitação dos problemas de aprendizagem. Essa dificuldade pode mudar o rumo da trajetória escolar de alunos que muitas vezes são encaminhados indevidamente para as modalidades do ensino especial e outras opções segregativas de atendimento educacional.
Daí a necessidade de se formarem grupos de estudos nas escolas, para a discussão e a compreensão dos problemas educacionais, à luz do conhecimento científico e interdisciplinarmente, se possível. Os grupos são organizados espontaneamente pelos próprios professores, no horário em que estão nas escolas e são acompanhados, inicialmente, pela equipe da rede de ensino, encarregada da coordenação das ações de formação. As reuniões têm como ponto de partida, as necessidades e interesse comuns de alguns professores de esclarecer situações e de aperfeiçoar o modo como trabalham nas salas de aula. O foco dos estudos está na resolução dos problemas de aprendizagem, o que remete à análise de como o ensino está sendo ministrado, pois o processo de construção do conhecimento é interativo e os seus dois lados devem ser analisados, quando se quer esclarecê-lo.
Participam dos grupos, além dos professores, o diretor da escola, coordenadores, mas há grupos que se formam entre membros de diversas escolas, que estejam voltados para um mesmo tema de estudo, como por exemplo a indisciplina, a sexualidade, a ética e a violência, a avaliação e outros assuntos pertinentes.
A equipe responsável pela coordenação da formação é constituída por professores, coordenadores, que são da própria rede de ensino, e por parceiros de outras Secretarias afins: Saúde, Esportes, Cultura. Nós trabalhamos diretamente com esses profissionais, mas também participamos do trabalho nas escolas, acompanhando-as esporadicamente, quando somos solicitados - minha equipe de alunos e eu.
Os Centros de Desenvolvimento do Professor
Algumas redes de ensino criaram o que chamamos de Centros de Desenvolvimento do Professor, os quais representam um avanço nessa nova direção de formação continuada, que estamos propondo, pois sediam a maioria das ações de aprimoramento da rede, promovendo eventos de pequeno, médio e grande porte, como workshops, seminários, entrevistas, com especialistas, fóruns e outras atividades. Sejam atendendo individualmente, como em pequenos e grandes grupos os professores, pais, comunidade. Os referidos Centros também se dedicam ao encaminhamento e atendimento de alunos que necessitam de tratamento clínico, em áreas que não sejam a escolar, propriamente dita.
Temos estimulado em todas as redes em que atuamos a criação dos centros, pois ao nosso ver, eles resumem o que pretendemos, quando nos referimos à formação continuada - um local em que o professor e toda comunidade escolar vem para realimentar o conhecimento pedagógico, além de servir igualmente aos alunos e a todos os interessados pela educação, no município.
Ao nosso ver, os cursos e demais atividades de formação em serviço, habitualmente oferecidos aos professores não estão obtendo o retorno que o investimento propõe. Temos insistido na criação desses Centros, porque a existência de seus serviços redireciona o que já é usual nas redes de ensino, ou seja, o apoio ao professor, pelos itinerantes. Não concordamos com esse suporte a alunos e professores com dificuldades, porque "apagam incêndio", agem sobre os sintomas, oferecem soluções particularizadas, locais, mas não vão à fundo no problema e suas causas. Os serviços itinerantes de apoio não solicitam o professor, no sentido de que se mobilize, de que reveja sua prática. Sua existência não obriga o professor a assumir a responsabilidade pela aprendizagem de todos os alunos, pois já existe um especialista para atender aos caso mais difíceis, que são os que justamente fazem o professor evoluir, na maneira de proceder com a turma toda. Porque se um aluno não vai bem, seja ele uma pessoa com ou sem deficiência, o problema precisa ser analisado não apenas com relação às reações dessa ou de outra criança, mas ao grupo como um todo, ao ensino que está sendo ministrado, para que os alunos possam aprender, naquele grupo.
A itinerância não faz evoluir as práticas, o conhecimento pedagógico dos professores. Ë, na nossa opinião, mais uma modalidade da educação especial que acomoda o professor do ensino regular, tirando-lhe a oportunidade de crescer, de sentir a necessidade de buscar soluções e não aguardar que alguém de fora venha, regularmente, para resolver seus problemas. Esse serviço igualmente reforça a idéia de que os problemas de aprendizagem são sempre do aluno e que ó o especialista poderá se incumbir de removê-los, com adequação e eficiência.
O tipo de formação que estamos implementando para tornar possível a inclusão implica no estabelecimento de parcerias entre professores, alunos, escolas, profissionais de outras áreas afins, Universidades, para que possa se manter ativa e capaz de fazer frente às inúmeras solicitações que essa modalidade de trabalho provoca nos interessados. Por outro lado, essas parcerias ensejam o desenvolvimento de outras ações, entre as quais a investigação educacional e em outros ramos do conhecimento. São nessas redes e a partir dessa formação que estamos pesquisando e orientando trabalhos de nossos alunos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Educação / Unicamp e onde estamos observando os efeitos desse trabalho, nas redes.
Não dispensamos os cursos, oficinas e outros eventos de atualização e de aperfeiçoamento, quando estes são reinvindicados pelo professor e nesse sentido a parceria com outros grupos de pesquisa da Unicamp e colegas de outras Universidades têm sido muito eficiente. Mas há cursos que oferecemos aos professores, que são ministrados por seus colegas da própria rede, quando estes se dispõe a oferecê-los ou são convidados por nós, ao conhecermos o valor de sua contribuição para os demais.
As escolas e professores com os quais estamos trabalhando já apresentam sintomas pelos quais podemos perceber que estão evoluindo dia -a- dia para uma Educação de qualidade para Todos. Esses sintomas podem ser resumidos no que segue:
  • reconhecimento e valorização da diversidade, como elemento enriquecedor do processo de ensino e aprendizagem;
  • professores conscientes do modo como atuam, para promover a aprendizagem de todos os alunos;
  • cooperação entre os implicados no processo educativo - dentro e fora da escola;
  • valorização do processo sobre o produto da aprendizagem;
  • enfoques curriculares, metodológicos e estratégias pedagógicas que possibilita, a construção coletiva do conhecimento.
É preciso, contudo, considerar que a avaliação dos efeitos de nossos projetos não se centram no aproveitamento de alguns alunos, os deficientes, nas classes regulares. Embora estes casos sejam objeto de nossa atenção, queremos acima de tudo saber se os professores evoluíram na sua maneira de fazer acontecer a aprendizagem nas suas salas de aula; se as escolas se transformaram, se as crianças estão sendo respeitadas nas suas possibilidades de avançar, autonomamente, na construção dos conhecimentos acadêmicos; se estes estão sendo construídos no coletivo escolar, em clima de solidariedade; se a as relações entre as crianças, pais, professores e toda a comunidade escolar se estreitaram, nos laços da cooperação, do diálogo, fruto de um exercício diário de compartilhamento de seus deveres, problemas, sucessos.
Outras alternativas de formação
Para ampliar essas parcerias estamos utilizando também as redes de comunicação à distância para intercâmbios de experiências entre alunos e profissionais da educação, pais e comunidade. Embora ainda incipiente, o Caleidoscópio - Um Projeto de Educação Para Todos é o nosso site na Internet e por meio deste hipertexto estamos trabalhando no sentido de provocar a interatividade presencial e virtual entre as escolas, como mais uma alternativa de formação continuada, que envolve os alunos, as escolas e a rede como um todo. O Caleidoscópio tem sido objeto de estudos de nossos alunos e de outras unidades da Unicamp, relacionadas à ciência da computação e está crescendo como proposta e abrindo canais de participação com a comunidade e com outras instituições que se propõe a participar do movimento inclusivo, dentro e fora das escolas.
Se pretendemos mudanças nas práticas de sala de aula, não podemos continuar formando e aperfeiçoando os professores como se as inovações só se referissem à aprendizagem dos alunos da educação infantil, da escola fundamental e do ensino médio...

AS PERSPECTIVAS
A escola para a maioria das crianças brasileiras é o único espaço de acesso aos conhecimentos universais e sistematizados, ou seja, é o lugar que vai lhes proporcionar condições de se desenvolver e de se tornar um cidadão , alguém com identidade social e cultural
Melhorar as condições da escola é formar gerações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreiras. Não podemos nos contradizer nem mesmo contemporizar soluções, mesmo que o preço que tenhamos de pagar seja bem alto, pois nunca será tão alto quanto o resgate de uma vida escolar marginalizada, uma evasão, uma criança estigmatizada, sem motivos.
A escola prepara o futuro e de certo que se as crianças conviverem e aprenderem a valorizar a diversidade nas suas salas de aula, serão adultos bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para defender o indefensável.
A inclusão escolar remete a escola a questões de estrutura e de funcionamento que subvertem seus paradigmas e que implicam em um redimensionamento de seu papel, para um mundo que evolui a "bytes".
O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que seja ainda muito contestado, pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança, especialmente no meio educacional, é irreversível e convence a todos pela sua lógica, pela ética de seu posicionamento social.
A inclusão está denunciando o abismo existente entre o velho e o novo na instituição escolar brasileira. A inclusão é reveladora dessa distância que precisa ser preenchida com as ações que relacionamos anteriormente.
Assim sendo, o futuro da escola inclusiva está, ao nosso ver, dependendo de uma expansão rápida dos projetos verdadeiramente embuídos do compromisso de transformar a escola, para se adequar aos novos tempos.
Se hoje ainda são experiências locais, as que estão demonstrando a viabilidade da inclusão, em escolas e redes de ensino brasileiras, estas experiências têm a força do óbvio e a clareza da simplicidade e só essas virtudes são suficientes para se antever o crescimento desse novo paradigma no sistema educacional.
Não se muda a escola com um passe de mágica.
A implementação da escola de qualidade, que é igualitária, justa e acolhedora para todos, é um sonho possível.
A aparente fragilidade das pequenas iniciativas, ou seja, essas experiências locais que têm sido suficientes para enfrentar o poder da máquina educacional, velha e enferrujada, com segurança e tranquilidade. Essas iniciativas têm mostrado a viabilidade da inclusão escolar nas escolas brasileiras.
As perspectivas do ensino inclusivo são, pois, animadoras e alentadoras para a nossa educação. A escola é do povo, de todas as crianças, de suas famílias, das comunidade, em que se inserem.
Crianças, bem-vindas à uma nova escola !

BIBLIOGRAFIA
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MONEREO,C. (1985). In: Steenlandt, D. La integration de niños discapacitados a la educación común. Santiago do Chile: UNESCO/OREALC, 1991.
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SAINT-LAURENT,L. (1994). L’éducation intégrée à la communauté en déficience intellectuelle. Montréal, Québec: Les Editions Logiques Inc.





Maria Teresa Eglér Mantoan
Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Educação
Departamento de Metodologia de Ensino
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade - LEPED/UNICAMP
Sabemos que a situação atual do atendimento às necessidades escolares da criança brasileira é responsável pelos índices assustadores de repetência e evasão no ensino fundamental. Entretanto, no imaginário social, como na cultura escolar, a incompetência de certos alunos - os pobres e os deficientes - para enfrentar as exigências da escolaridade regular é uma crença que aparece na simplicidade das afirmações do senso comum e até mesmo em certos argumentos e interpretações teóricas sobre o tema.
Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do meio escolar regular no desenvolvimento de pessoas com deficiências (Mantoan:1988) e é mesmo um lugar comum afirmar-se que é preciso respeitar os educandos em sua individualidade, para não se condenar uma parte deles ao fracasso e às categorias especiais de ensino. Ainda assim, é ousado para muitos, ou melhor, para a maioria das pessoas, a idéia de que nós, os humanos, somos seres únicos, singulares e que é injusto e inadequado sermos categorizados, a qualquer pretexto!
Todavia, apesar desses e de outros contra-sensos, sabemos que é normal a presença de déficits em nossos comportamentos e em áreas de nossa atuação, pessoal ou grupal, assim como em um ou outro aspecto de nosso desenvolvimento físico, social, cultural, por sermos seres perfectíveis, que constróem, pouco a pouco e, na medida do possível, suas condições de adaptação ao meio. A diversidade no meio social e, especialmente no ambiente escolar, é fator determinante do enriquecimento das trocas, dos intercâmbios intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre os sujeitos que neles interagem.
Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adição de princípios educacionais válidos para todos os alunos, resultarão naturalmente na inclusão escolar dos deficientes. Em consequência, a educação especial adquirirá uma nova significação. Tornar-se-á uma modalidade de ensino destinada não apenas a um grupo exclusivo de alunos, o dos deficientes, mas especializada no aluno e dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novas maneiras de se ensinar, adequadas à heterogeneidade dos aprendizes e compatível com os ideais democráticos de uma educação para todos.
Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são inúmeros e toda e qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado no aluno depende de se ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino escolar para deficientes. Em outras palavras, depende da fusão do ensino regular com o especial.
Ora, fusão não é junção, justaposição, agregação de uma modalidade à outra. Fundir significa incorporar elementos distintos para se criar uma nova estrutura, na qual desaparecem os elementos iniciais, tal qual eles são originariamente. Assim sendo, instalar uma classe especial em uma escola regular nada mais é do que uma justaposição de recursos, assim como o são outros, que se dispõem do mesmo modo.
Outros obstáculos à consecução de um ensino especializado no aluno, implicam a adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações atuais em educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções tipicamente escolares, que têm uma vocação institucional específica de sistematizar os conhecimentos acadêmicos, as disciplinas curriculares. De fato, nem sempre os estudos e as comprovações científicas são diretamente aplicáveis à realidade escolar e as implicações pedagógicas que podemos retirar de um novo conhecimento também precisam de ser testadas, para confirmar sua eficácia no domínio do ensino escolar.
O paradigma vigente de atendimento especializado e segregativo é extremamente forte e enraizado no ideário das instituições e na prática dos profissionais que atuam no ensino especial. A indiferenciação entre os significados específicos dos processos de integração e inclusão escolar reforça ainda mais a vigência do paradigma tradicional de serviços e muitos continuam a mantê-lo, embora estejam defendendo a integração!
Ocorre que os dois vocábulos - integração e inclusão - conquanto tenham significados semelhantes, estão sendo empregados para expressar situações de inserção diferentes e têm por detrás posicionamentos divergentes para a consecução de suas metas. A noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, quando aplicada à escola. Os diversos significados que lhe são atribuídos devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejam eles pedagógicos, sociais, filosóficos e outros. O emprego do vocábulo é encontrado até mesmo para designar alunos agrupados em escolas especiais para deficientes, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer, residências para deficientes. Por tratar-se de um constructo histórico recente, que data dos anos 60, a integração sofreu a influência dos movimentos que caracterizaram e reconsideraram outras idéias, como as de escola, sociedade, educação. O número crescente de estudos referentes à integração escolar e o emprego generalizado do termo têm levado a muita confusão a respeito das idéias que cada caso encerra.
Os movimentos em favor da integração de crianças com deficiência surgiram nos países nórdicos (Nirje, 1969), quando se questionaram as práticas sociais e escolares de segregação, assim como as atitudes sociais em relação às pessoas com deficiência intelectual.
A noção de base em matéria de integração é o princípio de normalização, que não sendo específico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestações e atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elas afetadas ou não por uma incapacidade, dificuldade ou inadaptação. A normalização visa tornar accessível às pessoas socialmente desvalorizadas condições e modelos de vida análogos aos que são disponíveis de um modo geral ao conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade; implica a adoção de um novo paradigma de entendimento das relações entre as pessoas fazendo-se acompanhar de medidas que objetivam a eliminação de toda e qualquer forma de rotulação.
Modalidades de inserção
Uma das opções de integração escolar denomina-se mainstreaming, ou seja, "corrente principal" e seu sentido é análogo a um canal educativo geral, que em seu fluxo vai carregando todo tipo de aluno com ou sem capacidade ou necessidade específica. O aluno com deficiência mental ou com dificuldades de aprendizagem, pelo conceito referido, deve ter acesso à educação, sua formação sendo adaptada às suas necessidades específicas. Existe um leque de possibilidades e de serviços disponíveis aos alunos, que vai da inserção nas classes regulares ao ensino em escolas especiais. Este processo de integração se traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecer o "ambiente o menos restritivo possível", dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da integração, transitar no "sistema", da classe regular ao ensino especial. Trata-se de uma concepção de integração parcial, porque a cascata prevê serviços segregados que não ensejam o alcance dos objetivos da normalização.
De fato, os alunos que se encontram em serviços segregados muito raramente se deslocam para os menos segregados e, raramente, às classes regulares. A crítica mais forte ao sistema de cascata e às políticas de integração do tipo mainstreaming afirma que a escola oculta seu fracasso, isolando os alunos e só integrando os que não constituem um desafio à sua competência (Doré et alii.,1996). Nas situações de mainstreaming nem todos os alunos cabem e os elegíveis para a integração são os que foram avaliados por instrumentos e profissionais supostamente objetivos. O sistema se baseia na individualização dos programas instrucionais, os quais devem se adaptar às necessidades de cada um dos alunos, com deficiência ou não.
A outra opção de inserção é a inclusão, que questiona não somente as políticas e a organização da educação especial e regular, mas também o conceito de integração - mainstreaming. A noção de inclusão não é incompatível com a de integração, porém institue a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O conceito se refere à vida social e educativa e todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares e não somente colocados na "corrente principal". O vocábulo integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se constituir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. O impacto desta concepção é considerável, porque ela supõe a abolição completa dos serviços segregados (Doré et alii. 1996). A metáfora da inclusão é a do caleidoscópio. Esta imagem foi muito bem descrita no que segue: "O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem. Quando se retira pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado" (Forest et Lusthaus, 1987 : 6).
A inclusão propiciou a criação de inúmeras outras maneiras de se realizar a educação de alunos com deficiência mental nos sistemas de ensino regular, como as "escolas heterogêneas" (Falvey et alii., 1989), as "escolas acolhedoras" (Purkey et Novak, 1984), os "currículos centrados na comunidade" (Peterson et alii.,1992).
Resumindo, a integração escolar, cuja metáfora é o sistema de cascata, é uma forma condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação às opções do sistema escolar, a sua integração, seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo se mantém, nada se questiona do esquema em vigor. Já a inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou grupo de alunos que não foram anteriormente excluídos. A meta da inclusão é, desde o início não deixar ninguém fora do sistema escolar, que terá de se adaptar às particularidades de todos os alunos para concretizar a sua metáfora - o caleidoscópio.
Considerações finais
De certo que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino especializado no aluno, mas não se consegue implantar uma opção de inserção tão revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior : o que recai sobre o fator humano. Os recursos físicos e os meios materiais para a efetivação de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação, na escola, exigindo mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se efetivar os processos de ensino e aprendizagem. Nesse contexto, a formação do pessoal envolvido com a educação é de fundamental importância, assim como a assistência às famílias, enfim, uma sustentação aos que estarão diretamente implicados com as mudanças é condição necessária para que estas não sejam impostas, mas imponham-se como resultado de uma consciência cada vez mais evoluída de educação e de desenvolvimento humano.

Referências bibliográficas
BROWN,L. et alii (1983). Enseigner aux élèves gravement handicapés à accomplir des tâches essentielles em millieu de travail hétérogène.Wisconsin: University of Wisconsin e Madison Metropolitan School District.
DORÉ,R., WAGNER,S.,BRUNET,J.P. (1996). Conditions d'intégration à l'école secondaire - Déficience intellectuelle (título provisório). Em preparação.
FALVEY, M.A. e HANEY, M.Partnerships with parents and significant others. Em: Falvey, M.A. Community-basa curriculum. Instructional strategies for students with severe handicaps. Baltimore, MD: Paul H. Brookes Publishing Co. 15-34.
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FOREST,M. et LUSTHAUS,E. (1987). Le kaleidoscope: un défi au concept de la classification en cascade. Em:Forest,M.(organizadora) Education-Intégration. Downsview, Ontario: L'Institut A.Roeher. Vol. II.1-16.
MANTOAN,M.T.E. (1988). Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais. São Paulo: Editora Scipione.
NIRJE,B. (1969). The normalization principle and its human management implications. Em: Kugel,R. et Wolfensberger,W. Changing patterns in residential services for the mentally retarded. Washington, Dc: President's Committee on Mental Retardation.
PURKEY,W.W. et NOVAK,J.M. (1984). Inviting school success. A self-concept approach to teaching and learning. Belmont: Wadsworth.
SAINT-LAURENT,L. (1994). L'éducation intégrée à la communauté en déficience intellectuelle. Montréal, Québec: Les Editions Logiques Inc.

Escola Inclusiva



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            Rastrear escolas com olhar inclusivo, tem sido tarefa árdua nos últimos tempos. Principalmente pelo fato de haver um grande discurso de inclusão, com cursos e mais cursos aos professores, mas na prática a teoria muitas vezes é outra. O olhar inclusivo é fácil de ser realizado para casos de alunos que possuem uma deficiência visível, onde o olhar inclusivo alcança. São os casos de cadeirantes, deficientes visuais e auditivos, TDAH (Hiperatividade), Dislexia severa; Síndromes, etc. Mas os casos cuja dificuldade para o aprendizado não pode ser detectado a olho nu, cujo olhar inclusivo não alcança, sacrifica dezenas de alunos em uma instituição educacional. São aquele que muitas vezes estarão em recuperação todos os anos letivos, amargando férias e mais férias estudando e finalizando anos e anos com a sensação que são fracassados.
            Encaixa nestes tipos de alunos com problemas de aprendizado e que poucas escolas possuem olhar inclusivo:
a)      Epilepsia com episódio de ausência atípica, onde a criança e o adolescente entra em estado de ausência não percebida por quem está ao redor e leva o mesmo a não estar atento na sala de aula. Uma crise desta, dura algumas horas para fazer o cérebro recompor sua normalidade sináptica, levando alguns educadores à postura de descrédito ao aluno, do tipo: -“Este aí gosta de ficar no mundo da lua mesmo”, ou por parte dos outros alunos:- “Parece um retardado, de tão lento que é para pegar as coisas”. 
b)       Transtorno de Déficit de Atenção pela Desatenção, neste transtorno alguns alunos precisam até de monitoramento medicamentoso neurológico para poderem ter condições de se posicionarem em tarefas educacionais que requer tempo para executarem. Geralmente são quadros onde a escola estigmatiza o aluno dizendo que não estão nem aí com nada:- “Só querem sombra e água fresca”.
c)      Dislexia leve ou mediana, onde os alunos portadores dela possuem dificuldades de interpretações de texto e disfunções na elaboração escrita. Se confundem diante de muitos conteúdos e longos textos que precisam elaborar. Os ataques institucionais vem estereotipados nas falas: -“ Capricha nesta letra”; “Parece que quer fazer tudo rápido”; “É melhor usar caderno de caligrafia para aprender a escrever bonito”.
Sabemos que a escola inclusiva tendo um olhar de 360° para todo tipo de inclusão, é um exercício que exige muita criatividade, mas além de tudo, muita humanidade. Com a exigência do mercado educacional onde as escolas são avaliadas pelo número de alunos que passam no vestibular, torna-se muito difícil manter um olhar inclusivo na prática. Associado a isto, sabemos que os alunos com disfunções educacionais tendem a criar mecanismos desviantes sociais como defesa aos ataques que lhes são atribuídos. As famílias ficam apavoradas pois os pais tendem a trabalhar com a noção de que o filho bom é o que vai bem na escola, fazendo emergir a angústia pela educação perfeita e consequentemente um olhar nada inclusivo no seio da família.
Entendo que entre a família e a escola quem deve estar mais preparado para um olhar educacional inclusivo, deve ser a escola, pois nela temos professores; especialista; pedagogos; psicólogos; e muita publicação científica que tem ressaltado a necessidade para incluir.
            Feliz das famílias que possuem filhos com problemas de aprendizado cuja escola está aberta para acolhê-los e ajudá-los no crescimento, estabelecendo para isto, contínuo processo de trocas escola/família e gerando intervenções positivas tendo em vista respostas favoráveis à longo prazo. Achar instituições  educacionais com este olhar, pode ser semelhante a procurar “agulha no palheiro”, mas a orientação que dou aos pais, é que vale a pena “garimpar” escolas com este perfil, a angústia será imensamente menor.
            No Instituto Pensamento temos conseguido monitorar processos com escolas que possuem crianças com problemas de aprendizado, obtendo excelentes resultados. Porém nenhum resultado é a curto prazo e todos os procedimentos acontecem com muita troca de saber entre família/escola/Instituto Pensamento. Enfatizamos aos pais que não existe fórmulas mágicas e que nós psicólogos somos agentes facilitadores do processo, e não curadores.
Gerson Abarca
http://blog.cancaonova.com/pensandobem/2007/06/20/escola-inclusiva/ 
  

Educação e Inclusão – Escolas punidas se não respeitarem nova legislação

NEE
De acordo com o Decreto-Lei 03/2008, de 7 de Janeiro publicado em Diário da República, escolas serão punidas se não derem prioridade a crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE), e não poderão rejeitar inscrições de alunos devido a incapacidades ou necessidades especiais. As escolas públicas que não dêem prioridade na matrícula às crianças com NEE de carácter permanente serão alvo de um processo disciplinar, e as privadas perderão o paralelismo pedagógico e o co-financiamento.
As escolas de ensino particular e cooperativo que não dêem prioridade a estas crianças no acto da matrícula perdem o paralelismo pedagógico e o co-financiamento, qualquer que seja a sua natureza. Quanto aos estabelecimentos de ensino da rede pública, será aberto um procedimento disciplinar, caso não cumpram o disposto. Crianças e jovens com NEE de carácter permanente gozam de prioridade na matrícula, a sua inscrição não pode ser rejeitada com base na incapacidade ou nas necessidades que manifestem e a sua formação deverá passar por um programa educativo individual.
Este programa necessita da autorização expressa do encarregado de educação, excepto se este decidir não exercer o seu direito de participação, e deverá ser revisto a qualquer momento e, obrigatoriamente, no final de cada nível de educação e ensino e no fim de cada ciclo do ensino básico. Dos resultados obtidos por cada aluno com a aplicação das medidas estabelecidas no programa, deve ser elaborado um relatório conjuntamente pelo professor, pelo docente de educação especial, pelo psicólogo e pelos docentes e técnicos que acompanham o desenvolvimento do processo educativo do aluno. 
O decreto-lei apresenta ainda as seguintes modalidades específicas de educação: educação bilingue de alunos surdos, a educação de alunos cegos e com baixa visão, os respectivos objectivos, bem como as equipas que os compõem.neeQI
No início de Setembro, o Ministério da Educação anunciara que a partir deste ano lectivo começavam a funcionar 21 agrupamentos de referência para alunos cegos e com baixa visão e 40 agrupamentos com mais 72 escolas de referência no ensino bilingue de alunos surdos. Foi ainda alargado o número de unidades especializadas em multideficiência, que serão 163 no apoio a 827 jovens, bem como o número de unidades especializadas em perturbações do autismo, que a partir do próximo ano lectivo serão 99, abrangendo 494 alunos. Foi ainda criada uma rede de agrupamentos de escola de referência para a intervenção precoce, que funcionará em 121 agrupamentos com 492 educadores, sendo abrangidas, segundo as estimativas da tutela, 4355 crianças. Os agrupamentos passaram a contar com 146 terapeutas ocupacionais, da fala e fisioterapeutas, 65 formadores e 58 intérpretes de Língua Gestual Portuguesa, num total de 269 técnicos de apoio especializado.
http://bica.cnotinfor.pt/2008/educacao-e-inclusao-%E2%80%93-escolas-punidas-se-nao-respeitarem-nova-legislacao/

ATIVIDADE FÍSICA E INCLUSÃO


Educação Física para Deficientes Visuais

A. J. M. Conde
As atividades físicas mais indicadas para os alunos com deficiência visual são semelhantes àquelas aconselháveis para os alunos que vêem. Em qualquer classe existem variações no grau de habilidade dos alunos. Um professor que sabe adaptar a aula dentro dos limites superior e inferior das capacidades dos alunos, será também capaz de integrar as crianças com deficiências visuais. Instruções individualizadas e concretizadas podem ajudar o aluno a vencer seus limites.
Por exemplo, saltar à corda não exige adaptação: os alunos deficientes visuais podem ouvir o barulho da corda batendo no chão. Uma falta (de batida) seria ouvida como uma interrupção do ritmo. Eles podem também saltar à corda, sozinhos, por ser uma atividade intrinsecamente ritmada e que não exige deslocamento. De fato, uma estratégia útil, quando se ensina crianças que vêem a saltar à corda, é pedir que fechem os olhos para se concentrar no ritmo, sem se deixarem distrair pelos movimentos da corda.
Sugestões de Materiais, Estratégias e Adaptações
Metodológicas para o Ensino da Educação Física
aos Alunos com Deficiência Visual
Organização e constância são elementos essenciais em relação ao equipamento. Por exemplo, antes de uma aula de Educação Física será preciso orientar os alunos, com deficiência visual, a respeito da locomoção, do equipamento, e depois disso evitar mudanças de lugar sem avisá-los. Seguindo esta sugestão, em todas as aulas de Educação Física, os alunos com deficiência visual serão capazes de se movimentar, independentemente e sem receio, no ginásio ou no campo.
Se houver um aluno com deficiência visual assistindo a um jogo, deverá ser designado um “locutor” que fique a seu lado e lhe descreva o desenrolar do jogo.
Ao ensinar Educação Física a alunos com deficiência visual, siga estas linhas de ação para modificar as experiências de aprendizagem:
SELECIONAR UMA ATIVIDADE QUE NÃO NECESSITE DE MODIFICAÇÕES
Uma pessoa, com pouca ou nenhuma visão, pode participar de muitas atividades e desportos sem modificações: remo e bicicleta com uma pessoa que vê no banco da frente, competição de remo com timoneiro, bowling para pessoa com visão de túnel, bowling sonoro para os cegos, esqui aquático usando sinais sonoros, luta (corpo a corpo). De fato, os lutadores com deficiências visuais têm uma história de vitórias contra os que vêem.
Um professor criativo será capaz de incluir os deficientes visuais numa ampla variedade de atividades, desde que raciocine do ponto de vista da cegueira.
MODIFICAR AS REGRAS DA ATIVIDADE
Muitos desportos foram modificados em função dos participantes com deficiência visual. Pequenas modificações, que não alteram a natureza do desporto, são as mais aconselháveis. Por exemplo: para compensar as dificuldades de orientação e mobilidade no jogo de futebol e de beisebol utiliza-se uma bola com guizos e de tamanho maior do que a oficial, que é localizada e acertada com maior facilidade.
As regras de pistas e corridas também podem ser modificadas permitindo que os alunos com deficiência visual se guiem por um arame ou corda colocados à volta da parte interna da pista ou corram segurando no braço (acima do cotovelo) de um colega, com bambolês, bastões ou ainda por intermédio de pista sonora.
MODIFICAR AS TÉCNICAS DAS HABILIDADES
A natação é um excelente desporto aeróbico que não exige a visão. As braçadas são aprendidas através de feedback cinestésico e auditivo. Os separadores de pistas ajudam o nadador a uma linha reta. Contar com o número de braçadas necessárias para atravessar a piscina previne um nadador com deficiência visual para diminuir a velocidade antes de alcançar a borda, ao nadar de costas, bruços, mariposa e de lado. O “crawl” não precisa de adaptações porque neste estilo de natação os braços chegam sempre antes da cabeça.
MODIFICAR A TÉCNICA DE ENSINO
Talvez a maior modificação no ensino de técnicas seja a inclusão da instrução verbal, da manipulação das demonstrações visuais. Colocar o aluno com deficiência visual de modo que ele possa vê-lo ou tocá-lo quando necessário. Para o aluno que não for cego congénito será útil a utilizações de imagens visuais. Quer os alunos cegos, quer os de baixa visão, beneficiam com uma linguagem precisa do professor, como por exemplo: “A raquete deve ficar 10 a 12 cm acima do ombro direito”, em vez de “segura a raquete assim...”
Pesquisas feitas por Dye (1983) mostraram que, para crianças com deficiências visuais, o feedback cinestésico é potencialmente um método de aprendizagem mais eficiente do que o feedback auditivo. Esses resultados sugerem que os professores deveriam posicionar correctamente o corpo da criança quando ensinam habilidades motoras, a fim de ajudar o aluno a aprender, pois eles não observam diferentes organizações corporais.
MODIFICAR O AMBIENTE, INCLUINDO ESPAÇO, FACILIDADE E EQUIPAMENTO
Bolas de cores fortes, marcadores de campo e balizas que contrastam com o fundo possibilitam aos alunos com deficiências visuais a utilização da visão residual. Pelo fato de a natureza das limitações visuais variar muito, é importante falar com o aluno para saber quais modificações poderão ajudar mais. Há alunos que vêem melhor objetos luminosos multicoloridos sob luzes fortes, enquanto outros precisam de objectos coloridos sólidos sob luzes moderadas que não produzam brilho.
No voleibol, a utilização de uma bola de praia facilita o seguimento visual e torna mais lento o ritmo da partida. Ao selecionar as atividades para os alunos com deficiências visuais, a prioridade deveria ser dada aos desportos que podem ser praticados ao longo da vida, como o bowling, ciclismo, remo, natação, futebol, basquetebol, vela, dança aeróbica, ioga, judo, corrida (jogging), dança de salão e danças folclóricas.
Sugestões de Desportos e Atividades para Deficientes Visuais
  • Natação;
  • Atletismo;
  • Musculação;
  • Ginástica escolar;
  • Judo;
  • Goalball e Torball;
  • Ginástica Postural e Correctiva;
  • Futebol de salão;
  • Basquetebol;
  • Ciclismo;
  • Corrida de Orientação;
  • Xadrez.
Sugestões ao Professor de Apoio para
trabalhar com o professor de Educação Física
O Professor de Apoio de crianças com deficiência visual, pode ajudar os Professores de Educação Física de várias maneiras:
  • Fornecendo a descrição do aluno: qual a visão útil, quais os exercícios contra-indicados no caso de perigo de descolamento de retina e glaucoma, informações do oftalmologista, etc.;
  • Explicando aquilo que o aluno pode e não pode ver. Isto será de muito auxílio, se o aluno não conseguir explicar-se por si próprio;
  • Discutirem juntos (os professores) as possíveis modificações, inclusive a necessidade de óculos de protecção;
  • Sugerir que o professor de educação física avalie individualmente o aluno com deficiências visuais, quanto ao seu atual nível de desenvolvimento motor, antes de colocá-lo numa classe de Educação Física;
  • Uma vez que o aluno deficiente visual tenha sido incluído numa classe, entrar frequentemente em contato com o professor para acompanhamento e avaliação. Um apoio contínuo e sugestões são importantes;
  • Oferecer-se para transcrever o material sobre Educação Física para braille, letra ampliada ou fitas gravadas.
Pode acontecer que uma criança cega seja colocada numa classe de Educação Física com um professor que não se sinta à vontade com a sua presença. Tente determinar a razão desta relutância. Se for necessária uma preparação extra, trabalhe com o princípio de dedicar mais tempo ao professor. Procure fazer com que o professor visite ou conheça um programa de educação física, no qual alunos com deficiência visual estejam satisfatoriamente integrados.
A contribuição da Educação Física para a saúde e o bem estar dos indivíduos com deficiência visual pode ser significativa. A Educação Física pode diminuir a distância entre as habilidades motoras existentes entre os deficientes visuais e os seus pares. As pessoas que vêem têm maiores oportunidades de aprendizagem incidental para aumentar as habilidades motoras e refinar o sentido cinestésico.
Atividades - que desenvolvam a aptidão física, o equilíbrio, habilidades motoras, imagem corporal e alinhamento do corpo (postura adequada) - podem ser indicadas juntamente com desportos que promovam a integração com amigos e família.
Os aspectos mais fáceis de ser mudados são os equipamentos e as regras. Os aspectos mais difíceis de mudar são as atitudes segundo as quais pelo fato de uma pessoa não ter visão, não ter também a capacidade de participar plenamente dos desportos . A contribuição mais significativa, do professor de alunos com deficiência visual, pode ser a de trabalhar os outros, a fim de eliminar estas atitudes negativas.
Propostas de Adequação Curricular para Programas
de Educação Física de Alunos com Deficiência Visual
& Reconhecimento (conceptualização e mapa mental) das áreas, implementos e materiais a serem utilizados nas aulas de Educação Física. Ao aluno cego deve ser dado o tempo necessário ao completo reconhecimento do ambiente de aula.
& Uso de pistas (referências) ambientais: o vento entrando por uma porta ou janela, uma fonte sonora localizada num ponto constante, um odor característico, a posição do sol, a textura de solos e paredes. Ao aluno que vê, serão indicações sem a menor importância, para o aluno cego, são pistas essenciais para a sua orientação e locomoção e a formação do mapa mental do ambiente físico.
& É absolutamente necessário que o professor saiba o nome de seus alunos com deficiência visual. Essa necessidade, além da questão afetiva, assume um papel importantíssimo na segurança do aluno. Eles não responderão a expressões comummente acompanhadas da gesticulação “Ei!, Tu aí!, Para!, Vem aqui”!.
& Tratando-se de uma escola especializada, na formação de turmas de Educação Física é altamente indicada a mesclagem entre alunos cegos e de baixa visão, tendo em vista o aumento considerável das possibilidades de exercícios em duplas ou grupos; o mesmo em turmas regulares, em que se tenha somente um ou poucos alunos com deficiência visual.
& A formação em roda, de mãos dadas ou com a utilização de uma corda circular é muito adequada e fácil de ser alcançada.
& A verbalização é a principal arma do professor de cegos. Uma voz de comando clara e tranquila facilita em muito a percepção do comando solicitado.
& Existindo uma limitação óbvia à demonstração, o professor, além da voz de comando, poderá utilizar a ajuda física e a percepção táctil-cinestésica, tocando em seu aluno e deixando que ele o toque. - Procure evitar ambientes profundamente ricos em estímulos sonoros, que podem desorientar o aluno. Lembre-se da importância das pistas sonoras e da voz de comando.
& Não tenha melindres em alertar o seu aluno cego sobre qualquer impropriedade no vestuário. Enfatize a higiene pessoal. Além da importância fundamental para a saúde, as boas condições de higiene são importantíssimas no convívio social.
& Não saia de uma conversa com o seu aluno cego sem avisar da sua saída, nem chegue junto de um grupo de alunos cegos sem identificar-se.
& Não julgue que o seu aluno cego conte passos para localizar objetos ou portas. Ele utiliza a memória cinestésica que todos nós temos, mas desenvolve-a muito mais. Na etapa pré-escolar e primeiros anos, ele pode lançar mão desse recurso.
& Conduza o seu aluno cego oferecendo-lhe o braço. Ele segurará acima do cotovelo e caminhará meio passo atrás de você. Se o aluno for pequeno, ele segurará o seu pulso.
& Nunca pré-julgue o seu aluno cego ou de baixa visão como incapaz de realizar um exercício ou actividade; lembre-se que a vida dele será um contínuo superar obstáculos. Tente e, principalmente, use o bom senso.
& Não demonstre superproteção ao seu aluno cego ou de baixa visão inserido numa turma de não deficientes. Lembre-se sempre que ele, antes de mais nada, quer ser tratado com igualdade.
& Não generalize predicados ou defeitos de um deficiente visual a todos os outros. Lembre-se que as diferenças individuais constituem parâmetros básicos do processo educacional e as generalizações são componentes do preconceito.
& Toda a criança gosta de brincar. A brincadeira desempenha um papel importante no seu desenvolvimento. A criança cega ou de baixa visão não é diferente. Ela gosta e tem necessidade de brincar, correr, pular, dançar.
& Embora possam acontecer desfasamentos psicomotores, a criança cega, quanto ao interesse por atividades recreativas faz o seu desenvolvimento em consonância com a criança de visão normal da mesma faixa etária.
& É uma tendência natural do ser humano o temor do desconhecido. Empregue estratégias que lhe propiciem experimentação física e a formação de conceito ambiental.
& O aluno de baixa visão, com patologia de descolamento de retina, não deverá ser submetido a exercícios nos quais haja possibilidade de traumatismo na cabeça. Há uma grande incidência de problemas neurológicos, com crises convulsivas, em alunos com deficiência visual. Na natação, é importantíssimo que o professor tenha essa informação e atente para os aspectos de segurança nesses casos.
& O sentido rítmico é inerente a todo ser humano. À criança cega deve ser dada a possibilidade de, inicialmente, exteriorizar livremente através do movimento o seu ritmo próprio. Ela não tem, naturalmente, padrões de expressões rítmicas corporais. Esses padrões, se inseridos pelo professor, poderiam demonstrar-se contraproducentes e inibidores na pré-escola ou nos primeiros anos do ensino básico. Nessa fase, o mais importante é que o movimento corporal aconteça, sua performance, aí não deve ser enfatizada.
& Na pré-escola e até aproximadamente aos oito anos de idade, a criança cega não tem a possibilidade de fazer abstrações. A sua aprendizagem deve ser o mais concreta possível. Depois dessa idade o professor de Educação Física poderá utilizar maquetas e plantas baixas em relevo para apresentar aos alunos modelos de campos desportivos e instalações de educação física.
& O professor de educação física deve obter informações relativas à anamnese médica, social, familiar, psicológica e académica de seu aluno deficiente visual. Essas informações vão certamente dar-lhe parâmetros básicos para a sua intervenção. [...]
& O aluno com deficiência visual é um ser lúdico, como todo o ser humano. Em algumas ocasiões ele tem necessidade de ser despertado para isso, principalmente nos casos de cegueira adquirida. O professor de Educação Física terá também a função de incitar-lhe para o lúdico e para o prazeroso, buscando ampliar suas possibilidades de opção de lazer.
FONTE:http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/txt/alunoscegos.txt